RIO
DE JANEIRO – A psicóloga brasileira Andrea Domanico, que atua na Escola de
Saúde da universidade americana John Hopkins, defendeu a ampliação de programas
de redução de danos como forma de melhorar os resultados do trabalho de
prevenção e combate ao uso do crack no País.
“Temos
que ter Centros de Acolhimento e Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para
atender os usuários de crack nas comunidades, como está sendo proposto pelo
governo, mas precisamos ter senso de realidade de que essas pessoas não irão
procurar esses serviços”, avaliou a especialista.
“Precisamos
criar o que chamamos de ponte para esses serviços. Não basta ter um centro de
acolhimento. É necessário alguém que diga para o usuário que esse centro de
acolhimento é legal”, disse Andrea, defendendo que os agentes redutores de
danos teriam mais chance de se aproximar dos usuários da droga.
O
objetivo desses programas é reduzir danos à saúde, oferecendo, por exemplo,
kits seguros para diminuir a transmissão, entre usuários, de doenças como
leptospirose, tuberculose, hepatite B, hepatite C e aids.
A
psicóloga, lembra que o crack está presente no Brasil há 25 anos, critica o
fato de as autoridades terem reconhecido o risco de uma epidemia do uso da
droga apenas recentemente e de adotarem uma campanha que ela considera
equivocada.
“A
campanha diz uma mentira: que o crack mata. O que mata é a pobreza, violência,
a discriminação, balas perdidas. O crack causa danos à saúde, mas não a ponto
de matar essas crianças”, alertou Andrea.
“Outra
questão séria da campanha é que ela não dá referência alguma sobre o serviço de
saúde, não diz ‘Se você está tendo problemas com o crack, procure o serviço de
saúde’. E não faz isso porque o serviço de saúde não está adequado para receber
esse usuário, que é um usuário de difícil acesso, de grande recaída, e que não
vão procurar esses serviços porque são muito estigmatizados”, ponderou a
psicóloga.
Fonte: AGÊNCIA BRASIL
05 Junho 2010/ 21h 37
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